Família, Borderline, Maternidade e descobrindo a diferença entre quem te quer bem, e quem não se importa com você.

O borderline não é uma dor exclusivamente da pessoa que possui esse Transtorno de personalidade, às pessoas que convivem com  uma pessoa  portadora  desse transtorno  de personalidade  também  sofrem, indireta ou diretamente.

Se você  é border e essa pessoa que convive com você, te ama, ela vai sofrer por saber que isso é  doloroso para você, ter essa montanha russa desgovernada de sentimentos, mas se essa pessoa  não te ama, ela vai sofrer  pelo simples fato de não saber lidar com uma pessoa emocionante instável, e as brigas serão sempre o pior ponto.

Foi assim que eu aprendi a descobrir quem realmente me ama, pois sabem do meu problema, e mesmo não entendendo por completo, mesmo que eu aja de alguma maneira que vá ferir essa pessoa que me ama, ela permanece  do meu lado, ela faz de tudo para não fazer a mim, o que muitas vezes sem perceber, faço a ela.

Essas pessoas estão sempre querendo saber do meu dia, como estou, e lendo coisas sobre meus transtornos, pois querem me entender para poder me cuidar.

Mas aquelas pessoas  que não me amam, e só  estão comigo no dia á dia por algum motivo que eu REALMENTE desconheço, estão sempre me lembrando que sou um peso para quem me ama, que sou problemática, e nas minhas crises, eles as nomeiam de "drama" ou "piti", e o maior ponto, sempre fazem questão de brigar, não fazem questão  de saber nada sobre mim, mas mesmo assim, fazem questão  de opinar e julgar.

Eu sei que nunca fui, não  sou e nem serei uma pessoa fácil de lidar, antigamente eu dava muita  importância para essas pessoas que fazem questão de me por para baixo, pessoas ignorantes que nomeiam um transtorno mental ou dor psíquica de "querer chamar  atenção", "falta de surra", " coisa  de gente mimada".

Eu também sempre fui o tipo de pessoa que prefere  sempre o bem estar dos outros  ao meu bem estar, mas eu percebi:

Do que me adianta estar sempre mal, fazendo o bem a quem não se importa  em me fazer o bem, e no final, estar ainda  pior, e chateada? Foi aí que percebi,  por minha saúde  mental em primeiro lugar não é egoísmo, é questão  de sobrevivência,  de amor próprio!

Gente egoísta só pensa em sí, e eu se quer me importo comigo, mas eu preciso estar bem, não por mim, mas pelas pessoas que me amam, e em especial, a pessoa mais importante  da minha vida, a garota que me salvou, que me faz melhor a cada dia, me faz ver que não preciso de mais nada se a tenho.

Ela é a minha filha.

E depois dela, aprendi a mandar para o inferno  tudo aquilo que me faz mal, sem que minha  consciência pese, pois afinal, ela é a única  pessoa que realmente me importa, ela depende  unicamente de mim, e preciso estar bem por ela,

Ela é o melhor antidepressivo que já  experimentei, ela é o meu sol de cada manhã, ela é  minha força, minha família,  meu lar, ela é a melhor  parte de mim, e com ela, aprendi que sentir de mais não é defeito, é uma dádiva que essa geração vazia mal sabe o que significa.

E o vazio dentro de mim, se preenche a cada novo amanhecer, a cada vez que ela sorri, faz careta, me abraça  e me chama de mãe, a cada coisa nova que ela aprende, a cada passeio nosso, e dificuldades passadas juntas.

Me diziam que eu nunca  seria uma boa mãe por ter borderline, até hoje escuto  isso, mas eu só tenho  uma filha, e é a opinião dela que me importa, e se algum dia ela me disser que não sou uma boa mãe, ai sim vou me importar.

Pois é por ela que me levanto quando a depressão me abraça, é  por ela que volto a realidade quando a dissociação me ataca, é por ela que tento me entender cada dia mais, para que eu possa me ajudar, e dar o melhor de mim a ela, é por ela que toda vez que penso em pular uma refeição eu repenso:

"Não posso ficar fraca fisicamente, ela precisa  de mim! "

É por ela  que ainda estou  aqui, é por ela que voltei  a estudar, e por ela que eu sempre levanto quando me derrubam, é por ela que eu me afasto  de tudo aquilo que me faz mal, é tudo por ela,  com ela e para  ela!

Às vezes me odeio por ter o borderline, por ser borderline.
Mas não há só coisas  ruins nele, afinal, ele é um tipo de personalidade, que se caracteriza transtorno  pelas partes ruins que possui.

Mas também há coisas  muito boas, que apenas  nós podemos sentir, como a felicidade sem tamanho, afinal, tudo que sentimos é  ao extremo.

Borderlines são pessoas  extremamente carinhosas e amigáveis.

Assim como em toda personalidade há um defeito, e as pessoas precisam saber separar isso, nós, Borders, precisamos  entender que a parte ruim do nosso transtorno não faz parte  de quem somos,  faz parte  da doença,  mas às partes Boas, fazem parte da nossa personalidade, do que realmente somos.

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