Passado, presente, futuro. e o que importa?

Quando eu era bebê, eu ia para creche pública para poder ter o que comer, pra poder passar um tempo ocupando a cabecinha com atividades, conhecendo novas crianças, mas principalmente, não morrer de fome, porque eu passava o dia inteiro lá e só voltava pela tardinha. Lembro que era bem ruim. As professoras gritavam, batiam, faziam meninos e meninas tomar banho juntos, obrigavam a deitar para ter a tal da "soneca" e nos deixavam ali, e só voltavam depois de uma hora. Eu sempre como fui muito sapeca, ia para parte dos bebês de meses de idade, e ficava brincando com eles. Lembro que era divertido. Mas pensando hoje, ninguém nunca viu aquilo e isso foi extremamente perigoso pra mim e para o outro bebê.
Então depois que passou o tempo da creche, as coisas ficaram mais dificeis, mas nesse meio tempo minha mãe conseguiu um emprego com a prima dela e podia levar um de nós (eu e meu irmão) a cada 15 dias pra ficar lá, lembro que ficava maravilhada com tanta comida, e a tv enorme com desenho, a mesa de refeição gigante, mas isso era só na minha cabeça de criança pobre e pequenininha. Dai se passaram os 15 dias, o meu irmão foi, e quando eu voltei, fiquei comendo repolho refolgado por quase uma semana, se me lembro bem. Foi uma das minhas piores lembranças. De fato eu não passei fome, mas passei muita necessidade, a ponto de ter anemia profunda e precisar tomar varios vidros de vitaminas, pois estava cheia de dores e sintomas. Eu tinha apenas 4 anos, e fazia um percurso imenso com minha tia até a cooperativa de castanha que minha mãe estava trabalhando para pegar o almoço dela para eu dividir com meu irmão. Lembro do sol escaldante, das minhas perninhas cansadas e doendo po conta da anemia, lembro de dizer que não aguentava mais... Mas eu aguentei, aguentei até hoje, por quase 21 anos.
Eu nunca vou achar que o que eu já passei foi pouco, ou que minha dor é menor que a de alguém, pois só quem sabe o que sinto sou eu. Apenas o que posso fazer é ter empatia pelo próximo. Já passei tanta vontade de comer coisas na vida, que desenvolvi transtornos alimentares durante minha vida, tratei eles, e um permanece, eu sei o quanto dói falar que você não tem o que comer em casa, que você precisa de tal coisa, por isso poucas foram as vezes que divulguei o que fiz para alguém, mas nunca divulguei a pessoa, apenas o caso para arrecadar mais coisas. Se eu quisesse me promover em cima disso eu já estaria famosa, mas acho que sou burra kkkkkkkk, ou só sou humana. Por mim nenhum ser vivo passaria fome, frio, sede, se sentiria sozinho ou triste. Mas a porra do universo é bem complicada mesmo. O planeta que a gente vive veio de uma explosão, tudo acontece por acaso, e ainda sim, mais pessoas boas se fodem do que pessoas ruins. Ai você me pergunta o significado de bom e ruim... É você que dá!!! 
Penso muito em seguir a área da saúde, não sei se medicina, ou medicina veterinária. mas sei que na medicina veterinária há os mais altos índices de suicídio do que em outras profissões, pode pesquisar ai, tudo isso pela pressão de eutanásiar um animal, tenho um amigo veterinário e ele entrou em depressão por isso, foram dois anos em terapia. Mas penso que se já convivo com a depressão desde 2013 e já vi a sensação de morrer de perto por diversas vezes, isso não seria exatamente um problema pra mim, claro que me afetaria, ninguém tira a vida de ninguém sem sentir nada, a não ser que seja um psicopata. Mas por eu ter vivido todas essas coisas, e ainda viver, com certeza vai me ajudar em algo, inclusive a me confortar e a confortar o tutor do animal na hora que ele se for. Também pensei em ser geneticista, é algo que me facina por completo, a natureza humana, os genes... E por último e não menos importante, letras ou filosofia, filosofia seria bem bacana, gosto bastante de ir além da escrita, pensar, e até mesmo falar para as pessoas o que digo, nem que seja para esses tais pod casts.

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