Transbordar.
Objeto descartável, dias cinzentos e frios, lembranças que nunca se vão, anos perdidos, prisão mental e física, boneca de porcelana, para eles, sem sentimentos, mas ela transbordava tudo.
Choros na madrugada, nojo de sí, Porque ninguém a tira de lá? Porque ninguém a procura? Ela só era uma criança, mas toda sua inocência havia sido levada, ela implorava todas às noites, mas ele não a ouvia, o seu Deus a abandonou, ela só tinha sí e o pequeno bebê que carregava dentro dela, era tão frágil quanto á garota, era doce como ela, antes de ser usada como um copo descartável.
Agora ela chora, chora, chora, ninguém á escuta, todos são superficiais de mais para entender tanto sentimento a transbordar, o doce bebê que ela carregara no ventre, hoje já é uma menina, que toma para sí, todas as características da jovem mãe.
A pequena menina veio por meio de uma desventura, para não se dizer que veio de um pesadelo. Mas ainda sim, ela é o sol da manhã para aquela jovem mãe, debruçada em sua cama de solteiro, em lágrimas, desespero, a pequena menina traz ternura a todo o sofrimento, ela é como um remédio para uma enfermidade, ela é o remédio para toda dor da jovem mãe, mas como toda doença, ela pode voltar a retornar, e constantemente a jovem mãe se pega pensando, pensando no que lhe foi roubado, pensado na sua insignificância para às pessoas ao seu redor, pensando na insignificância de sua existência, mas em meio a esses pensamentos, ela sempre lembra da pequena e doce menina, que só tem á ela, poderia ela deixar seu pequeno fruto a mercê da maldade humana?
A jovem mãe sempre se diz que tudo vai passar, e passa, mas sempre volta, volta porque nosso cérebro é como um HD, tem tudo alí, guardado, e é só apertar um botão que tudo vem á tona, e toda a dor preenche seu corpo frágil e pequeno.
Nesse momento ela só queria entender o porquê disso tudo, mas talvez ela nunca saberá, ela também queria um abraço de sua mãe, que antes, era doce como um biscoito de chocolate caseiro, mas agora já não lhe dá mais colo, um abraço apertado, um chocolate quentinho, um "vai ficar tudo bem, pois eu te amo, e nunca desistirei de você."
A jovem mãe sente como se o mundo tivesse desabado sobre ela, como se não fizesse parte do mundo, ela sempre diz que deseja sumir, ou pelo menos tentar acabar com toda a sua dor, e apesar de todo pessimismo, ela tenta a todo novo amanhecer, ser uma pessoa melhor, se reerguer, porque sabe que sua pequena menininha precisa dela, sabe que esse jogo é só de dois, e que uma não existe sem a outra.
Nesse momento ela olha sua doce e pequena menina dormir, ela se sente melhor ao saber que em meio a toda essa gente vazia e superficial, ela pôde gerar um ser como ela, que transborda, amor, raiva, ódio, paixão, carinho, empatia...
Ela passa suavemente sua mão entre o ralo e macio cabelo de sua menininha, e para ela, essa é a definição de amor, esse aconchego, essa paz, essa luz que a pequena menina traz.
Por: Gabriela Gomes jacauna.