quarentena dia 2729203039
Sei que algumas pessoas mudam, sei que essa mudança pode e na verdade é real. Mas até hoje nunca vi. Na verdade, já vi sim, mas vi ela partir de mim, e aí, é difícil acreditar quando só se trata de você. Parece que todos são mal caráters, ou simplesmente parece que eu não pertenço aqui. Todos os meus problemas familiares me trouxeram transtornos, e esses transtornos impactaram e impactam meus/meu relacionamentos interpessoais. Toda minha vida foi merda por cima de merda. quando não estou mal, estou tão apática que simplesmente não consigo me sentir feliz, não consigo me sentir viva, não consigo amar, só choro em situações extremas. Toda minha vida é baseada nisso. Estar no fundo do poço ou não sentir nada, sentir um completo vazio, sentir como se nada fizesse sentido. Mas permanecer aqui porque pessoas precisam de você. e você sempre ficam em último lugar. Perdi meu avô. Perdi animais, e eles se foram pra sempre.
Vivo como se nada mais importasse. Pelo menos não eu. Pelo menos nada relacionado a mim. Nem me importo quando me xingam, se falam de mim, ou o que for, simplesmente não consigo sentir mais nada. É um completo buraco. E tudo isso é culpa de cada pessoa que me feriu. Ferida atrás de ferida. Batalhas que travei sozinha e permaneci de pé. Hoje seria um belo dia pra dizer que não aguento mais. Mas eu não aguento mais não aguentar mais e mesmo assim continuar aguentando tudo. Ainda assim, me mantenho aqui. Me mantenho pelas pessoas que conheci mesmo que virtualmente, e que estão nessa batalha diária comigo. Nessa batalha materna. Estudantil. De classe. De cor. Do patriarcado. Nessa luta contra os preconceitos velados e as discriminações que chamam de mimimi. E mesmo que eu não tenha uma rede de apoio em casa. Eu tenho amigas mães, que gostam de animais, negras, mulheres, da favela, mesmo sendo todas da internet, estamos conectadas. Isso me faz me sentir menos perdida e sempre que acho que tô fazendo a coisa errada, elas me mostram o quanto eu sou foda.