Sobrecarregada
Me sinto sobrecarregada. sobrecarregada por cuidar de uma criança de quase 3 anos o dia todo, e no final do dia ainda ouvir que isso é fácil. Me sinto sobrecarregada por não conseguir ser mais eu, a Gabriela, a mulher, pois sou sempre a mãe de "fulaninha", e se saio uma noite qualquer pra me divertir, tudo que faço para minha filha ao longo do ano se torta inválido, pois me torno a mãe omissa, inresponsavel, que deixa a filha com o pai para sair, pai esse que também tem suas obrigações com essa criança. Pai esse que também sai e se diverte e não é questionado por isso.
Me sinto mal por saber que há pessoas que nem se quer já conversaram comigo, e me julgam. Me jugam pelas minhas roupas, cabelo, tatuagens, piercings, pela minha personalidade, por ter sido mãe muito jovem, mesmo que não tenha sido uma escolha minha.
Me sinto deslocada, estou me afastando cada vez mais dos meus amigos, não porque quero, mas sim porque quero evitar qualquer tipo de mágoas, ou seja lá o que for.
Eu sinto como se estivesse levado mil facadas no coração, como se tivessem me jogado no poço sem uma corda para me puxar novamente. Estou me afogando lentamente e ninguém além de mim pode me salvar.
Ontem planejei me matar, mas não consegui porque todos os meus remédios estavam escondidos, então eu me cortei, achei que iria aliviar a dor como todas as outras vezes que isso aconteceu, mas não aliviou, e eu chorei, chorei muito, quis morrer, mas não pude, porque minha filha precisa de mim, e NINGUÉM mais vai cuidar dela como eu cuido, mesmo do meu jeito torto, é comigo que ela se sente segura, é no meu abraço que todos os medos dela vão embora. Então eu continuo aqui, em sofrimento profundo, comendo mal, ouvindo vozes, me machucando, me isolando, apenas seguindo, sem rumo, sem objetivo.
As lembranças do que"ele" fez ainda vem a minha cabeça, na verdade nunca sairam daqui, todos dizem que um dia vou superar, mas toda minha inocência que ele levou, toda minha juventude e alegria, nada disso vou ter de volta, mais de 1 ano presa a aquela casa, e anos presa as lembranças do que ele me fazia.
O mundo é uma merda, as pessoas são más, mas lá no fundo eu sei que há por quem eu deva continuar.