Entre Estrelas E Abismos

  Hoje me olhei no espelho e vi o quanto engordei durante esses meses de tratamento. Parei pra pensar se isso era bom, e talvez seja, significa que meu apetite voltou, que tô reagindo melhor, comendo com menos culpa. Na verdade me senti ate bonita ao olhar no espelho e ver o quanto mudei, porra, já sou uma mulher!   Isso tudo acabou em questão de segundos, essa auto estima, porque lembrei das roupas que não me servem mais, mesmo sabendo que são roupas que cabem em crianças de 12 anos, mesmo sabendo que sou uma mulher de quase 18 e que preciso mudar, meu corpo vai mudar ainda mais, eu me sinto mal.   As vezes me pergunto quando vou estar bem comigo mesma de verdade, sem me sentir culpada ao comer um doce, sem passar dias sem comer porque comi um salgado ou salgados, (é, a compulsão anda lado a lado comigo ainda.) Sem usar laxantes para compensar o "estrago".   Pensei em cortar o cabelo, ou por um novo piercing, também vo...

  A velha companheira das tardes bateu a porta.   Solidão, prefiro ter você comigo do que ter esse angustiante vazio, que queima o peito, que me faz querer sentir algo, me faz querer buscar no abismo uma saída pra isso tudo, que ao mesmo tempo não é nada.   Todos se vão, ninguém percebe que sempre levam um pouco de mim consigo, e o rombo no peito é inevitável.    Meus gritos de dor a ecoar no silêncio, máscaras usadas diariamente sem um porque.   Eu, perdida, sem rumo, mundo a fora, na selva, procurando um sentido pra seguir, pra viver, e no fim de tudo, eu só queria alguém que fosse lar, pra eu morar.   Enquanto eu não consigo, enquanto, não sei o que esperar do amanhã, me escondo atrás do que idealizaram de mim, da menina doce, perfeita, feliz.  Dia após dia eu me perco dentro de mim.