Dupla Excepcionalidade - Solidão e Diagnostico tardio



 Receber o diagnóstico de TEA e descobrir que também sou AH\SD (altas habilidades\superdotação não né um transtorno, por isso é incorreto afirmar que possui diagnostico) e entender de onde vem a minha intensidade, a minha perspectiva de mundo, entender de onde vem minhas dificuldades, habilidades e características, é libertador, (mas também é solitário).


Por 9 Anos realizei inúmeros tratamentos terapêuticos e medicamentosos, que nunca surtiam efeito. Durante 9  anos acreditei que minha intensidade vinha do transtorno de personalidade borderline. Que minha sensação de solidão era exclusivamente da depressão, que minha intensa resposta a frustração, era do TPB, que minhas enxaquecas após ser exposta a luzes, sons e pessoas eram da depressão, e assim em diante.


Nunca soube quem eu era, os diagnósticos que já tinha não explicavam de fato sobre mim, e ainda por cima, me impediram de receber o diagnostico correto, Afinal, o diagnostico de TPB foi dado por um dos psiquiatras mais bem renomados aqui de fortaleza (de forma completamente errônea, pois diagnósticos de transtorno de personalidade não podem ser dados na adolescência,  e recebi o de TPB aos 14 anos!!), e por isso nem um outro psiquiatra se atreveu a contestar e investigar novamente sobre mim.


 A mesma felicidade libertadora que senti após o diagnóstico da Esther, estou sentindo agora.

Porque eu sempre fui assim, essa sou eu, e agora tenho uma direção, sei por quais caminhos posso seguir, e hoje sei que não existe só um, Existem diversas possibilidades pra mim.


A sensação de solidão é a mesma. 

Após o diagnóstico da Esther, pouca coisa mudou em relação a rede de apoio, e após o meu diagnóstico, ouvi que seria interessante informar a familiares e amigos, a fim de construir uma rede de apoio de fato, mas sei que isso está fora da minha realidade. Até mesmo construir uma rede de apoio paga é difícil, pois é necessário empatia, paciência e vontade de compreender por parte do profissional, afim de construir um vínculo de confiança. (E sei que nessa solidão, eu não estou sozinha.)


No final, rede de apoio familiar ou paga, continua sendo difícil para pessoas ATÍPICAS. E inclusão continua sendo uma utopia. 

Só dizer respeitar ou amar uma pessoa com deficiência, não muda nada! 🙂


‼️Eu não quero ouvir que sou guerreira, que eu e minha filha somos exemplos de superação. Porque na realidade, pessoas com deficiência sempre foram vistas como est0rv0.  E esse capacitismo disfarçado de elogio, não me comove.‼️


Desde a infância eu tinha o sonho de fazer algo que tivesse grande impacto no mundo. Algo bom, que ajudasse as pessoas, que melhorasse a qualidade de vida de todos os seres vivos, algo único.


E durante toda minha infância fui desencorajada, calada e oprimida, mas esse sonho nunca se foi.


Hoje entendo que o que realmente pode mudar o mundo é a Informação, e a partir dela, podemos ter consciência sobre nossos atos e suas consequências. Entender que as crianças de hoje, e a forma que tratamos delas, interfere diretamente no futuro de toda humanidade.


Atualmente os diagnósticos que possuo com 100% de certeza são; Depressão, Transtorno do espectro do Autista e transtorno do processamento sensorial. além disso, por estar na condição de altas habilidades\superdotação, e também ser autista, essa condição é nomeada como DUPLA EXCEPCIONALIDADE.

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